1. Quando criaram a aplicação da merytu, em maio de 2021, qual era a vossa principal meta e missão?

A aplicação foi lançada em 2021, mas o conceito já vinha a ser amadurecido há muito tempo pelos nossos sócios fundadores, que estavam insatisfeitos com a baixa atratividade do setor para o Talento. A principal meta, inicialmente e ainda hoje força motriz do projeto, é trazer um modelo de trabalho que valorize o mérito de cada profissional, colocando-o como protagonista da sua própria carreira. Isso é possível através da valorização dos seus rendimentos, do equilíbrio entre a vida pessoal e profissional, e da liberdade de escolha no contexto do mundo do trabalho.

2. A merytu é a primeira app do género em Portugal. Sentiram inicialmente algum receio quanto à aceitação desta solução tecnológica, ainda mais por na altura se enfrentarem as restrições contra a COVID?

Ser pioneiro pode ser muito gratificante simbolicamente, mas na prática é apenas uma enorme responsabilidade cheia de desafios. Quando representamos algo inédito, temos de estar à altura da incerteza que é natural que o mercado apresente. Dessa forma, dar passos sólidos com os nossos clientes, baseados na confiança, é o único caminho para a adoção de algo novo. Para juntar a estes desafios, atravessar, com o setor da hotelaria e restauração, uma pandemia foi uma autêntica prova de fogo. Estamos cá para contar a história, assim como os nossos clientes, e isso é o mais importante.

3. Quais consideram ser os maiores benefícios da tecnologia que criaram para a identificação de talento e ajuda à contratação?

A maior virtude que temos é sermos uma ferramenta tecnológica para ser usada de acordo com os desígnios de cada cliente. Não somos os protagonistas, como noutros modelos existentes. Ao dispor de um algoritmo que identifica talento 24/7 numa base de profissionais em constante crescimento, as empresas têm um trunfo inédito para enfrentar os seus desafios de identificação de staff. Seja para colmatar uma ausência de última hora num turno, seja para conhecer mais candidatos para adicionar a um processo de seleção tradicional, a merytu agrega valor. E esse é um ponto-chave: sermos um modelo de trabalho “open source”.

4. Acreditam que a vossa app vai revolucionar o mercado de trabalho flexível e que esta será a tendência do futuro?

Quando temos inúmeros profissionais que, todos os dias, decidem escrever a sua carreira através da App, construindo o seu horário, experimentando novas funções, escolhendo trabalhar nas empresas com que se identificam, podemos inclusivamente dizer que a revolução já começou. E sim, vínculos híbridos e simultaneidade de papéis são uma tendência. Os slashers, que por opção exercem duas ou mais atividades profissionais, são disso prova. A merytu nada mais é do que uma forma eficiente de permitir que esse futuro seja possível hoje mesmo.

5. Porque decidiram focar nas áreas da hotelaria e restauração? Têm perspetivas para alargar o campo de oportunidades para mais áreas e setores?

No nosso roadmap, sempre esteve o objetivo de sermos um projeto multi-indústria. Agora, começámos pela Hotelaria e Restauração por duas razões principais. A primeira diz respeito ao facto de ser o setor profissional de alguns dos sócios fundadores. A segunda foi porque considerámos ser o setor perfeito para testar ao limite esta tecnologia inovadora, dadas as exigentes dificuldades que a indústria apresenta ao nível da escassez de staff.

6. Como foi a adesão das empresas à vossa proposta para captar talento?

Tal como aprendemos nos princípios do Marketing, a curva de adoção de um produto inovador é tudo menos linear. Temos diversos tipos de clientes, cada um com a sua velocidade de adoção. Se, por um lado, tivemos os nossos estoicos visionários, que antes de começar a apresentação já tinham a App instalada e o perfil completo, por outro lado, sabemos que a adoção mainstream é feita de muitos clientes cujas organizações necessitam de mais tempo para assimilar mudanças tão disruptivas como a nossa tecnologia pressupõe. No entanto, como a melhor publicidade é mesmo a dos nossos clientes, que nos põem à prova e experimentando já não passam sem a App, o buzz gerado em torno da App tem felizmente sido cada vez maior, levando a que as incertezas sejam substituídas pela confiança dos factos e dos resultados que apresentamos.

7. Na prática, como funciona a app para as empresas e como podem os recursos humanos tirar partido dela para procurarem profissionais qualificados para necessidades pontuais?

O funcionamento para as empresas é muito simples. Quando necessitam de reforçar a equipa, apenas têm de publicar um convite através da App, que em média é preenchido em menos de dez minutos. A empresa tem então acesso aos profissionais propostos, assim como à sua experiência de serviço na App e fora dela. É facílimo reforçar a equipa, quer estejamos a falar de períodos curtos, quer de vários dias. Mas não fica por aqui. A App é atualmente a ferramenta de networking preferida dos profissionais da indústria. Muitos departamentos de RH já conhecem este segredo. Ou seja, através da merytu têm acesso a uma base de milhares de profissionais que cresce diariamente. E muitos gestores de RH, para além de reforços pontuais, já começaram a utilizar a merytu como trunfo nos seus processos de recrutamento e seleção. Fazem-no principalmente de duas formas: na fase de atração de candidatos, ao publicarem vários Gigs e assim atraem candidatos interessados em participar de determinado processo de seleção; ou no final do processo, quando, após entrevistas, já possuem uma shortlist e precisam de um índice de confiança adicional para tomar a decisão final. Submetem então a sua shortlist a Gigs através da merytu, onde podem submeter os seus insights obtidos através das entrevistas a uma validação prática.

8. Qual foi a receção dos profissionais em relação à vossa app e como isso se traduz em números?

Ao valorizarmos o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional, os ganhos e a carreira dos profissionais, não foi difícil que, num relativamente curto espaço de tempo, milhares de profissionais começassem a construir a comunidade que a merytu é hoje. Temos muito orgulho em ver as carreiras que hoje têm a merytu como trunfo. Isto é apenas mérito dos profissionais. Nós só damos o palco. Neste momento, temos cerca de 3000 profissionais ativos, 25000 a concluir o registo e 17000 em lista de espera geográfica.

9. No momento presente, há ainda alguma reticência por parte dos portugueses em relação à mudança que a vossa app e a tecnologia no geral pode trazer para o mercado de trabalho?

Com os resultados que apresentamos, as reticências têm sido cada vez menores, no entanto, a evolução tecnológica num setor como a Hotelaria e Restauração avança a um ritmo muito suave. E isto é um enorme eufemismo.

10. Se pudessem enviar uma mensagem a essas pessoas, o que diriam?

Que adoramos que nos ponham à prova. Que o que mais gostamos é que os resultados falem por nós. Mas, acima de tudo, dizer que com a merytu, a tecnologia rima com parceria. E é isso que somos, acima de tudo: parceiros para ajudar no alcance dos objetivos de negócio de cada empresa através de uma tecnologia inovadora de identificação de staff.

11. O setor do turismo enfrenta atualmente uma crise de escassez de trabalhadores. Na vossa opinião, quais são as medidas que podem reverter esta situação?

As medidas que podemos referenciar são exatamente os vetores da nossa proposta de valor para os profissionais. Urge valorizar os profissionais, que são o fator de sucesso mais importante desta indústria. Nós fazemo-lo de forma prática, valorizando o tempo, dinheiro e carreira dos profissionais.

12. Têm planos em investir no mercado internacional?

Desde a nossa origem, para além de termos como objetivo expandir para outras indústrias, ir além-fronteiras também faz parte do que ambicionamos para o projeto. Sobre o próximo país, teremos novidades durante o próximo ano.

13. Que tendências preveem para a vossa área de atuação, nomeadamente no que respeita ao mercado de trabalho flexível?

A tendência incontornável é que se constate cada vez mais que flexibilidade não é sinónimo de precariedade. O trabalho flexível irá assumir-se cada vez mais como mainstream em combinação com os restantes modelos de trabalho. É algo que as novas gerações percebem como valioso e não como prejudicial ou menos digno, como até aqui tem sido perspetivado.

14. De que forma a app merytu e a Bolsa de Empregabilidade se complementam e quais as vantagens desta parceria?

A parceria com a Bolsa de Empregabilidade, para além de um orgulho para nós, tem sido determinante no nosso caminho. O projeto da Bolsa de Empregabilidade é um marco incontornável na indústria no que respeita à identificação de talento. Não imaginaríamos melhor contexto onde nos pudéssemos inserir. Combinar o melhor da excelência do processo presencial de identificação de talento com tecnologia de vanguarda significa estarmos preparados para enfrentar os desafios da indústria e torná-la mais competitiva que nunca.